segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

CRÔNICA DE FIM DE ANO Por Tony Antunes

Estrada da Fé para o Ano Novo



A CRÔNICA
 
A crônica difere da notícia e da reportagem porque não tem a finalidade principal de informar, mas refletir sobre um acontecido. Assim, resulta que neste tipo de texto, podemos ler a visão subjetiva do cronista sobre o universo narrado. O leitor interage com os acontecimentos e por muitas vezes se identifica com as ações tomadas pelas personagens. Assim, vamos à crônica que tem como tema o fim do ano em curso.


CRÔNICA DE FIM DE ANO
Por Tony Antunes



O que significam as festas de final de ano? Será que tudo continuará a ser como antes, após o cessar dos shows pirotécnicos, dos abraços, choros, apertos de mãos e promessas de melhorar? Será que tudo isso não passa de fantasia?
Quero dizer aos mais pessimistas que tais perguntas podem ser respondidas, sim!
Carlos Drummond, ao refletir sobre as festas natalinas e as comemorativas de início de Ano Novo escreveu que:

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente"

Quero vos lembrar que a renovação para um novo ano não ocorre apenas com a mudança de calendário. O milagre da renovação se dá de fato, na vida de todos nós, seja quem for e onde estiver.
O desejo de renovação não é uma fantasia. Muito menos deveria ser um sentimento de esperança. Esse desejo deve encarado como um sentimento de Fé (com “F” maiúsculo, mesmo). Isto porque, pelo menos ao meu ver, quem tem esperança fica à beira da foqueira. “Quem espera nunca alcança!” A Fé, pelo contrário, por ser ação, pula toda e qualquer fogueira que por ventura, conscientes ou não, atraímos para nós mesmos.
Como mensagem de Fé, deveríamos observar a própria natureza. Vejamos que a Terra gira em torno de seu próprio eixo a uma velocidade de 1.700 km por hora, ao redor do Sol a 107.000 km por hora e se o Sol e todo o sistema solar gira em relação ao centro da nossa Galáxia a uma velocidade de 1.000.000 (um milhão) de km/hora, como o tempo poderia ser apenas e simplesmente uma continuidade repetitiva?
E isso sem considerarmos que o Universo está em constante expansão, sabe-se lá para onde, para que, e a que velocidade?
Então, se a própria Natureza nos dá uma grande lição de Fé, quem somos nós para ficarmos sentados à beira do caminho, se esta senda nunca terá um fim, mas sempre um recomeço atrás do outro, infinitamente?
Viva o ano que se aproxima com muita Fé de que conseguirá ao menos duas coisas que nem Deus nos tira: o bem que praticarmos e as experiências que acumulamos!


Feliz Ano Novo, então!

sábado, 24 de dezembro de 2016

EU NÃO ACREDITO EM VOCÊ, PAPAI NOEL!

Beira do Rio Capiberibe


EU NÃO ACREDITO EM VOCÊ,
PAPAI NOEL!

Quando tornei-me adolescente a minha mãe já havia falecido no dia 31 de dezembro. Daí por diante fui morar de favor nas casas de alguns dos conhecidos da gente. Mas, por ser humilhado e xingado a cada gota d'água e a cada pedaço de pão que colocava na boca, não aguentei. Achei que morar nas ruas seria bem melhor. Foi aí, que na minha primeira noite de natal nas ruas, fiquei puto da vida com minha mãe, pobre e escrava da burguesia, que alimentou em mim a imagem de um bom velhinho, que distribuía presentes para as crianças. Foi assim, às duras penas, que vi que era tudo mentira.

Arretei-me com ela. Praguejei, esculachei com a alma dela. E, naquela noite do dia 24 para o dia 25, enquanto eu via, pelas janelas das casas, as famílias se confraternizando rodeadas de comida, amor de mãe e de pai, vi que eu estava só. Aí a ficha caiu. Pela primeira vez a dor da saudade pegou-me "dicunforça". Eu não tinha mais a minha mãezinha!

Nessa hora comecei a chorar. Aos prantos, com lágrimas na alma e no rosto, gritei bem alto à beira do Rio Capibaribe:

- Mainhaaaa, a senhora mentiu pra mimmmm. A senhora que disse pra eu nunca mentir, mentiu pra mimmmm!! Cadê o Papai Noel, que tirou a senhora mim e me deixou sonzinho? Por que ele não me traz a senhora de presente? por quê? por quê? Por quêêêêê? Sua mentirosaaaaa?

Revoltado com Deus e com o fato de sentir na pele que ele não ligava pra mim e que o segundo (Papai Noel) não existia, naquela noite, enroletei-me na lama daquele Rio, pois sentia-me um nada. Que até o rio ria da minha cara, por eu acreditar numa mentira desgraçada - Papai Noel!

Por isto, sempre alimentei na cabeça dos meus filhos que o Papai aqui é que é o Papa Noel deles, e que durante a vida toda eu é que lhes dei e dou, a todo instante, o maior presente que alguém pode dar a filho - a minha vida de pai!

(Esta história se passou comigo, é uma experiência que guardarei para sempre)