sábado, 24 de dezembro de 2016

EU NÃO ACREDITO EM VOCÊ, PAPAI NOEL!

Beira do Rio Capiberibe


EU NÃO ACREDITO EM VOCÊ,
PAPAI NOEL!

Quando tornei-me adolescente a minha mãe já havia falecido no dia 31 de dezembro. Daí por diante fui morar de favor nas casas de alguns dos conhecidos da gente. Mas, por ser humilhado e xingado a cada gota d'água e a cada pedaço de pão que colocava na boca, não aguentei. Achei que morar nas ruas seria bem melhor. Foi aí, que na minha primeira noite de natal nas ruas, fiquei puto da vida com minha mãe, pobre e escrava da burguesia, que alimentou em mim a imagem de um bom velhinho, que distribuía presentes para as crianças. Foi assim, às duras penas, que vi que era tudo mentira.

Arretei-me com ela. Praguejei, esculachei com a alma dela. E, naquela noite do dia 24 para o dia 25, enquanto eu via, pelas janelas das casas, as famílias se confraternizando rodeadas de comida, amor de mãe e de pai, vi que eu estava só. Aí a ficha caiu. Pela primeira vez a dor da saudade pegou-me "dicunforça". Eu não tinha mais a minha mãezinha!

Nessa hora comecei a chorar. Aos prantos, com lágrimas na alma e no rosto, gritei bem alto à beira do Rio Capibaribe:

- Mainhaaaa, a senhora mentiu pra mimmmm. A senhora que disse pra eu nunca mentir, mentiu pra mimmmm!! Cadê o Papai Noel, que tirou a senhora mim e me deixou sonzinho? Por que ele não me traz a senhora de presente? por quê? por quê? Por quêêêêê? Sua mentirosaaaaa?

Revoltado com Deus e com o fato de sentir na pele que ele não ligava pra mim e que o segundo (Papai Noel) não existia, naquela noite, enroletei-me na lama daquele Rio, pois sentia-me um nada. Que até o rio ria da minha cara, por eu acreditar numa mentira desgraçada - Papai Noel!

Por isto, sempre alimentei na cabeça dos meus filhos que o Papai aqui é que é o Papa Noel deles, e que durante a vida toda eu é que lhes dei e dou, a todo instante, o maior presente que alguém pode dar a filho - a minha vida de pai!

(Esta história se passou comigo, é uma experiência que guardarei para sempre)

15 comentários:

  1. Texto fantástico.
    Duro mas real pois és conhecedor da causa.

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    1. Muito grato pelo teu comentário.

      Sou natural de Recife, perdi minha mãe aos doze anos de minha vida. Vivi nas ruas e senti na pele todo o drama da vida real dos meninos de rua.

      Mas consegui sobreviver e sair ileso fisicamente, mas cheio de marcas na alma que me servem como experiência de vida.

      Esteja a vontade, caso queira seguir-me neste Blog.

      Paz e bem para ti, caríssimo leitor!

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  2. Bom dia querido, Deus ama você, olha você aí contando a história real da sua vida, você pideria ter morrido, hoje você tem uma família linda, netos, e os dons e talentos que Deus concedeu a você, mesmo que você ache que Ele não te ama mas, Ele te ama muito.

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  3. Eu não sabia da sua história,fiquei muito emocionada com a sua história você é mais do que
    vencedor parabéns👏👏👏

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  4. O amor é um instrumento de inspiração e você é esse cara!

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  5. Aq é mizael ,chorei de alegria por ver o grande mestre que és hoje obrigado por tudo e bom...boa sorte pois as batalhas nunca acabam na vida de um guerreiro,na vida de um samuray

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    1. Eitaaaa, meu querido estudante, Mizael!
      Obrigado pelas breves palavras.
      Deus o abençoe!

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  6. A lição foi árdua e grande, mas a superação foi maior ainda!!!

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  7. Que belo é emocionante conto, parabéns!abç_____LL

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  8. Que belo é emocionante conto, parabéns!abç_____LL

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  9. Emocionante mesmo! Texto maravilhoso desmistificador personal de uma história burguesa e mercantil. Feliz Natal!

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  10. Dura e pura verdade. Parabéns pelo texto!

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  11. Que texto maravilhoso!! Emocionante demais!Feliz Natal!

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