Beira do Rio Capiberibe |
EU
NÃO ACREDITO EM VOCÊ,
PAPAI
NOEL!
Quando tornei-me adolescente a
minha mãe já havia falecido no dia 31 de dezembro. Daí por diante
fui morar de favor nas casas de alguns dos conhecidos da gente. Mas,
por ser humilhado e xingado a cada gota d'água e a cada pedaço de
pão que colocava na boca, não aguentei. Achei que morar nas ruas
seria bem melhor. Foi aí, que na minha primeira noite de natal nas
ruas, fiquei puto da vida com minha mãe, pobre e escrava da
burguesia, que alimentou em mim a imagem de um bom velhinho, que
distribuía presentes para as crianças. Foi assim, às duras penas,
que vi que era tudo mentira.
Arretei-me com ela. Praguejei,
esculachei com a alma dela. E, naquela noite do dia 24 para o dia 25,
enquanto eu via, pelas janelas das casas, as famílias se
confraternizando rodeadas de comida, amor de mãe e de pai, vi que eu
estava só. Aí a ficha caiu. Pela primeira vez a dor da saudade
pegou-me "dicunforça". Eu não tinha mais a minha
mãezinha!
Nessa hora comecei a chorar. Aos
prantos, com lágrimas na alma e no rosto, gritei bem alto à beira
do Rio Capibaribe:
- Mainhaaaa, a senhora mentiu
pra mimmmm. A senhora que disse pra eu nunca mentir, mentiu pra
mimmmm!! Cadê o Papai Noel, que tirou a senhora mim e me deixou
sonzinho? Por que ele não me traz a senhora de presente? por quê?
por quê? Por quêêêêê? Sua mentirosaaaaa?
Revoltado com Deus e com o fato
de sentir na pele que ele não ligava pra mim e que o segundo (Papai Noel)
não existia, naquela noite, enroletei-me na lama daquele Rio, pois
sentia-me um nada. Que até o rio ria da minha cara, por
eu acreditar numa mentira desgraçada - Papai Noel!
Por isto, sempre alimentei na
cabeça dos meus filhos que o Papai aqui é que é o Papa Noel deles,
e que durante a vida toda eu é que lhes dei e dou, a todo instante,
o maior presente que alguém pode dar a filho - a minha vida de pai!
(Esta
história se passou comigo, é uma experiência que guardarei para
sempre)
Texto fantástico.
ResponderExcluirDuro mas real pois és conhecedor da causa.
Muito grato pelo teu comentário.
ExcluirSou natural de Recife, perdi minha mãe aos doze anos de minha vida. Vivi nas ruas e senti na pele todo o drama da vida real dos meninos de rua.
Mas consegui sobreviver e sair ileso fisicamente, mas cheio de marcas na alma que me servem como experiência de vida.
Esteja a vontade, caso queira seguir-me neste Blog.
Paz e bem para ti, caríssimo leitor!
Bom dia querido, Deus ama você, olha você aí contando a história real da sua vida, você pideria ter morrido, hoje você tem uma família linda, netos, e os dons e talentos que Deus concedeu a você, mesmo que você ache que Ele não te ama mas, Ele te ama muito.
ResponderExcluirEu não sabia da sua história,fiquei muito emocionada com a sua história você é mais do que
ResponderExcluirvencedor parabéns👏👏👏
O amor é um instrumento de inspiração e você é esse cara!
ResponderExcluirObrigadoooo, pelas breves palavras!
ExcluirAq é mizael ,chorei de alegria por ver o grande mestre que és hoje obrigado por tudo e bom...boa sorte pois as batalhas nunca acabam na vida de um guerreiro,na vida de um samuray
ResponderExcluirEitaaaa, meu querido estudante, Mizael!
ExcluirObrigado pelas breves palavras.
Deus o abençoe!
A lição foi árdua e grande, mas a superação foi maior ainda!!!
ResponderExcluirQue belo é emocionante conto, parabéns!abç_____LL
ResponderExcluirQue belo é emocionante conto, parabéns!abç_____LL
ResponderExcluirExcelente texto! Ameiiiiiiii
ResponderExcluirEmocionante mesmo! Texto maravilhoso desmistificador personal de uma história burguesa e mercantil. Feliz Natal!
ResponderExcluirDura e pura verdade. Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirQue texto maravilhoso!! Emocionante demais!Feliz Natal!
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