PSICOGRAFIA
DO FIM (Crônica)
Tony
Antunes
Nestes dias (in)finitos da minha
vida, sinto o peso dos meus cabelos brancos, a angústia mórbida das
rugas que mudam a minha feição. Percebo olhares frígidos, relampeados em
faces alheias, observando a ferrugem oxigenal que me consome a claridade da
pele.
Brinco com a rigidez, quase
cadavérica, que me impede de correr ou andar com destreza: - Agora,
ando devagar!
Divagando no que sou, encaro
o resultado do que já fui.
Olho para as minhas mãos,
encaliçadas pelo tempo de muitas histórias de lutas na fome, no
frio e na dor de dias solitários.
Calçadas ermas, noites
sombrias, tardes áridas e ruas dantescas - eclipse de uma vida?
A grave gravidade pesa, mas
não pondera. Impõe, mas não pergunta. É grotesca como um bárbaro sem
piedade. É sol escaldante que racha a pele, croca os ossos, trava os
nervos e neva os olhos em cegueira catarática.
O fim do corpo é um
carrasco a cumprir a sua sina, sempre perpétua em direção ao pó, à
renovação(!?), ao cadinho de uma sepultura quente, aconchegante -
sagrado portal para a eternidade cósmica da reluz-ente vida, do amor
e da paz eterna!?
Muito bacana !
ResponderExcluirMuito obrigado por seu comentário,meu querido e amado amigo!
ResponderExcluirVocê descreveu tão bem o sentimento da velhice, que me deixou pensativo e com medo de quando chegar a minha vez.
ResponderExcluirUm bom escritor é assim, capta sentimentos em quem o lê,ao ponto da refletirmos sobre a vida.
Parabéns,meu amigo!
Meu querido e amado amigo, muitíssimo obrigado por seu comentário. Você, mais do que ninguém, sabe da nossa responsabilidade e função enquanto escritor - fazer as pessoas refletirem acerca da temáticas tratadas em nossas obras.
ExcluirSe puder, e quiser, pode trabalhar este texto com seus alunos em sala de aula!
Paz e Bem para você!
Gosto da forma como os Poetas nos revelam a vida e a morte...Até consegui sentir o aconchego dessa sepultura quentinha, kk..
ResponderExcluirQuero te agradecer pelo comentário tão metafóricamente lindo.
ExcluirSe quiser, pode seguir-me e compartilhar com teus amigos. Fique a vontade!
Paz e bem para ti! E que teus sonhos ganhem vida, concretizada em realizações pessoais!
Mesmo os materialistas, são forçados a aceitar que a morte não existe...Existe apenas a mudança.
ResponderExcluirNossa... Muito bom, professor!
ResponderExcluirA alma sempre em uma visão imortal, no paradoxo do ainda corpo fardado a sua velhice e que nada é para sempre. Como o eu almeja pela sua morte, mesmo ainda, não acontecendo. Por isso, há as tenras exposições da matéria física alegando sua passagem que é finita.
ResponderExcluirBelo texto, cheio de comparações com palavras que nos instiga à reflexão. Parabéns
ResponderExcluir"Não tenho medo, tanto que diviso! E até encaro como valor e riso" fragmento do poema, Resto de Caminhos" Arthur Griz. Não percebi à primeira vista, mas no primeiro pulo pude ver a metamorfose debulhando as últimas horas de um recomeço inevitável fim ou fins.
ResponderExcluirParabéns!
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