domingo, 13 de janeiro de 2019

SAUDADE CRÔNICA (Para a minha mamãe, Lourdes) Tony Antunes

Maria de Lourdes da Siva (Minha mãe)



Neste começo de ano, em que as lembranças me apertam o peito, esmagam minha alegria e abafam meu choro, sinto uma imensa saudade. Saudade da minha mãe!

Justamente nesta época, há alguns anos, minha vida deu uma guinada que deixou-me de ponta-cabeça. Fiquei só. Fiquei sem mãe. Aprendi na dura sorte que quem tem uma mãe dedicada tem tudo. Eu fiquei sem nada desde o dia em que ela partiu.

Num dia de 1º de janeiro, às 7 horas da manhã, ela bateu suas asas de anjo para o além e se foi. Tenho certeza que contra a sua própria vontade, mas sua missão havia acabado naquele fatídico dia da minha pré-adolescência.

Por inexperiência, eu não tinha a menor noção do porquê que aquilo estava a acontecer na minha vida. Só sentia no peito uma angústia, um nó na garganta que não me deixava chorar.

Mas, no dia do seu enterro, as portas lacrimais do meu coração transbordaram de dor, melancolia e lágrimas. Ao vê-la no caixão, quase sorrindo, mesmo estando morta, não aguentei. Caíram-me as fichas. Vi, naquele momento, uma realidade dantesca, que até os dias de hoje ficou gravada na minha memória: - A minha mãe estava morta!

As mães morrem, sobretudo as boas mães. Aproveitem-nas enquanto as tem. Ame-as enquanto elas ainda existem, pois elas são portais pelos quais entramos nesta vida, são anjos a nos auxiliarem nos aprendizados da nossa missão, depois partem, assim, de sopetão. São arrebatadas de volta para os braços de Deus.

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