segunda-feira, 15 de julho de 2024

CRÍTICA-CRÔNICA DO POEMA HIPERMETAFÓRICO DE VCA: AMANHECER DE PEDRA (Por Tony Antunes)

 


CRÍTICA-CRÔNICA DO POEMA HIPERMETAFÓRICO DE VCA: 

AMANHECER DE PEDRA

Por Tony Antunes


Pessoal, na moral! Nesta madrugada, de súbito, levantei-me energizado por um poema. Não desses poeminhas quaisquer, mas um poema literalmente, na sua plenitude – magnífico, poeticamente – ex-tra-or-di-ná-rio!

Levei uma pedrada poética no quengo, um soco no cérebro, um grito na alma. Não me contive. E às 4h41min da madruga dei um grito:

- Vixe Maria, Jesus do céu!

Acordei mulher, filhos e cachorros. Todos assustados e com os olhos esbugalhados.

- Que é isso papai?! Disse espantado o filho.

- Tais doido homem?! Retrucou a mulher.

Minha parentalha toda nervosa, mais as latomias dos caninos, imaginem o alvoroço!

Fui rechaçado com adjetivos nada bons, tudo porque um poema brumou em minha alma!

Estava emocionado com o Amanhecer de Pedra, de VCA. Um poeta de alma árida, mas que irrigou em mim, com suas águas absolutas, o solo da poesia até então desértico no meu coração.

Estou emocionalmente descontrolado, tremendo as letras, gaguejando as pontuações na minha lauda. Estou feliz!


Quando este poema começou

a noite já estava morta

a manhã já apodrecia

o sol pendurava-se no horizonte...


O poeta VCA se superou pela milésima vez. Encantou-me. A hipermetaforização destes versos primavera qualquer alma autenticamente atenta às facetas da Poesia Absoluta:


Quando silencioso me ensimesmou

e uma rosa de pedra me olhou

da janela da alvorada os muros

abaulados pelos ventos me ouviram...”


A semiótica majestosa límpida e bela incadenciada, desmetrificada quebra o decoro quadrático do pragmatismo e libera a imaginação da memória.


O trânsito verbal garfou a sílaba

o vazio nasceu redondo

ainda dormiam os portos náufragos

as camisas do vento desertaram

a hasta privada circulou

e me alberguei em adros sacrílegos

desencadeando a poesia

a esperar a chaga do dia

entre a beca do cônsul azul

e a gravata cinza do cadáver.


Introspectivo, mergulha na própria memória, busca denunciar os dias já desertados da sua existência. Como último sacrilégio desencadeia (tira da cadeia, liberta) a poesia como num derradeiro ato de libertação rumo ao incerto e inimaginável sentido da Poesia Absoluta.

Nunca li um poema tão grande!

A poética do louco-são, Vital Correia de Araújo é vivificante porto inseguro. Exemplo vivo e singular da poesia Neopós-contemporânea do caos, produzida por um Maluco Beleza que Raul não conheceu.


REFERÊNCIA

https://www.poesiabsoluta.com.br/index.php/artigos/74-destaques/4040-amanhecer-de-pedra



Nenhum comentário:

Postar um comentário