CRÍTICA-CRÔNICA DO POEMA HIPERMETAFÓRICO DE VCA:
AMANHECER
DE PEDRA
Por
Tony Antunes
Pessoal,
na moral! Nesta madrugada, de súbito, levantei-me energizado por um
poema. Não desses poeminhas quaisquer, mas um poema literalmente, na
sua plenitude – magnífico, poeticamente – ex-tra-or-di-ná-rio!
Levei
uma pedrada poética no quengo, um soco no cérebro, um grito na
alma. Não me contive. E às 4h41min da madruga dei um grito:
-
Vixe Maria, Jesus do céu!
Acordei
mulher, filhos e cachorros. Todos assustados e com os olhos
esbugalhados.
-
Que é isso papai?! Disse espantado o filho.
-
Tais doido homem?! Retrucou a mulher.
Minha
parentalha toda nervosa, mais as latomias dos caninos, imaginem o
alvoroço!
Fui
rechaçado com adjetivos nada bons, tudo porque um poema brumou em
minha alma!
Estava
emocionado com o Amanhecer de Pedra, de VCA. Um poeta de alma árida,
mas que irrigou em mim, com suas águas absolutas, o solo da poesia
até então desértico no meu coração.
Estou
emocionalmente descontrolado, tremendo as letras, gaguejando as
pontuações na minha lauda. Estou feliz!
“Quando
este poema começou
a
noite já estava morta
a
manhã já apodrecia
o
sol pendurava-se no horizonte...”
O
poeta VCA se superou pela milésima vez. Encantou-me. A
hipermetaforização destes versos primavera qualquer alma
autenticamente atenta às facetas da Poesia Absoluta:
“Quando
silencioso me ensimesmou
e
uma rosa de pedra me olhou
da
janela da alvorada os muros
abaulados
pelos ventos me ouviram...”
A
semiótica majestosa límpida e bela incadenciada, desmetrificada
quebra o decoro quadrático do pragmatismo e libera a imaginação da
memória.
“O
trânsito verbal garfou a sílaba
o
vazio nasceu redondo
ainda
dormiam os portos náufragos
as
camisas do vento desertaram
a
hasta privada circulou
e
me alberguei em adros sacrílegos
desencadeando
a poesia
a
esperar a chaga do dia
entre
a beca do cônsul azul
e
a gravata cinza do cadáver.”
Introspectivo,
mergulha na própria memória, busca denunciar os dias já desertados
da sua existência. Como último sacrilégio desencadeia (tira da
cadeia, liberta) a poesia como num derradeiro ato de libertação
rumo ao incerto e inimaginável sentido da Poesia Absoluta.
Nunca
li um poema tão grande!
A
poética do louco-são, Vital Correia de Araújo é vivificante porto
inseguro. Exemplo vivo e singular da poesia Neopós-contemporânea do
caos, produzida por um Maluco Beleza que Raul não conheceu.
REFERÊNCIA
https://www.poesiabsoluta.com.br/index.php/artigos/74-destaques/4040-amanhecer-de-pedra